” Trabalhamos na escuridão para servir a luz”…
Bagdá 861 DC, a corrupção se espalha entre as partes mais carentes, sendo engolidas pela parte abastada, um berço multicultural, um amplo lugar de conhecimento e de mazelas camufladas. Tudo isso se une à vingança pessoal de um ladrão dos becos de uma região pobre. Sua coragem, seus pesadelos com coisas bestiais e sede de conhecimento o levam a caminhos outrora inalcançáveis. Uma credo oculta agora se estabelece, e em seu momento de consolidação, alguém se viu adotado pela causa. Seu nome é Basim Ibn is’ haq. Agora, sua jornada se interliga com as mazelas daquele mundo, e nada poderá deter os seus objetivos. Mas será que a miragem está mais sólida do que podemos imaginar?
Vamos começar pelo elefante na sala. Após os 3 últimos títulos (Origins, Odyssey, Valhalla), AC teve um retorno à sua forma tradicional, um retorno soft em quesito de foco da gameplay. Os 3 anteriores tinham um foco no combate, e ao passar desses títulos, o nível de flerte com o RPG de ação se intensificou. Claro, isso foi necessário, pois trouxe novos fãs e manteve os antigos com um respiro mais jovial, mas foi encarado com polêmica. Pois bem, às vezes precisamos dar 3 passos para trás para o próximo passo à frente ser muito mais sólido. Talvez essa seja a ideia original, buscar um reencontro com o lado mais tradicionalista ao seu formato, mas não significa que a última trilogia não tenha sido fonte de ideias boas para o novo título da franquia. Para quem acompanhou Valhalla, sabe bem que é o Basim, com isso, tenha se empolgado ao ver o trailer do Mirage. Basim é um personagem não tão cativante quanto Bayek, ou criativo quanto Cassandra, ou sem medo quanto a Eivor… Ele tem seu próprio brilho, seu propósito, ele é Esperançoso!
A Jogabilidade de AC Mirage é o ponto chave nessa análise, pois aqui vamos dividir em dois alvos: Os fãs antigos antes da trilogia e os novos fãs chegados pela trilogia.
Se nos últimos títulos tínhamos um foco absurdo no combate, com inúmeras opções, Mirage se destaca na sutileza de um combate simples mas com um furtivo sofisticado, intuitivo e criativo.
O jogo não te obriga a fazer oque ele quer na hora que ele quer, ele trabalha a memória muscular, o senso criativo e perspicácia do jogador.
Mesmo sendo seu foco no stealth, o jogo permite que você se desafie em modo Rambo da coisa.
Mesmo em situações de estresse todos os acessórios são bem vindos, da pra lutar usando eles, mas é nítido os seus reais objetivos: Serem usados em furtividade.
Temos como lançar facas, armadilhas, bombas de fumaça, dardos tranquilizantes e sinalizadores, e dentre elas temos 3 níveis com 3 opções que podemos deixar mais ‘personal’ a nossa gameplay.
A adição de um foco para um especial (Foco Assassino) deu uma alegrada em quem tem mais pés no AC Clássico, o sistema lembra muito Red Dead Redemption (1 e 2), Max Payne o famoso ‘Bullet Time’, em ambos marcamos os alvos e vemos uma sequência linda de abate.
Bom, já que temos um jogo que fala também de corrupção, nada melhor do que corromper pessoas pra ajudar se camuflar ou mesmo um mini exército particular, uma camuflagem entre as pessoas e informações exclusivas. E tudo isso pode ser pago com umas espécies de moedas ‘especiais’; moeda essa que se se usa até mesmo em determinados baús.
Mas tem combate? Opa, tem! Simples mas tem, acaba sendo bem mais fácil de dominar, divertido, mas simples; só que mesmo assim o modo furtivo ainda é mais gostoso.
Esqueça a ideia de usar duas armas como forma de combate distintas, aqui a segunda arma é um complemento, então as diferenças serão apenas nos benefícios na hora de melhor as suas capacidades.
Assim como a árvore de habilidades dividida em 3 módulos, duas com 8 pontos e uma com 7 pontos, nada feito com pontos de experiência, mas com pontos recebidos. Reparou como ficou enxuto? Pois é diferente de seu antecessor, Mirage não peca pelo excesso, ele é mais enxuto, mais palatável, mais prático, mais dinâmico.
Eu amei o Valhalla, mas chega uma hora que olhar 5 mapas na tela, era algo um pouco cansativo, mas aqui é diferente.
Um ponto crucial: Parkour!
Olha, o jogo ele funciona de maneira natural em sua verticalidade, a cidade oprime assim como o mapa te espreme (no bom sentido), sempre vai haver localizações pra você poder fugir ou se esgueirar, claro teve um momento frustrante que tive que fugir como se não tivesse o amanhã, mas respirei, voltei, e matei todo mundo!
mas teve horas que eu nem queria estar no solo, os tetos das casas e mesquitas estavam bem mais interessante.
No solo é legal devido aos furtos que tu pode fazer, um ‘Quick time’ básico pra te fazer prestar atenção momentânea sobre os furtos.
O retorno dos cartazes de procurado, algumas pessoas aleatórias (achei poucas) no mapa e baús que vão dar uma leve dor de cabeça abrir fazer o mapa sendo enxuto, algo interessante de se explorar e se divertir.
Claro, causa uma certa estranheza essa coisa mais simples, da um aspecto meio de “esse jogo veio antes?”, mas é agradável, acredite.
Deixa eu simplificar: imagina que o Valhalla é uma comida chique que tu pode comer a vontade, por mais gostoso e sofisticado que seja, uma hora tu fica levemente cansado de mastigar, mesmo sabendo daquele sabor. Já O Mirage é o Arroz e feijão com bife, alface e batata frita: Simples, caseiro, com aquele gostinho de quero mais, mas tu sabe que não vai comer igual um doido, vai ser o suficiente pra se sentir satisfeito.
AC Mirage tem muito foco e sabe aonde que acertar, antes quando tínhamos que ir atrás daqueles de pistas que levamos há uma grande rede de inimigos (neste caso A Ordem dos Anciãos) que complementavam a campanha, agora isso é a campanha, o jogo faz questão de te mostrar que você não está perdido, que o máximo que terás de missão “deslocada” são os contratos que são divertidos de cumprir.
E ao passar do tempo, tu vai se encantando com esse modo de conduzir a campanha, demora, mas quando pega corpo ela entrega algo sensacional (levemente confuso, mas sensacional).
E mesmo na simplicidade temos muitos detalhes sutis.
Um exemplo é você entrar numa base e ao chamar sua de águia Enkidu, alguém atira nela e isso a impossibilita de mapear a região. Isso deixou muito mais tensa a parte e como disse anteriormente: Usar a criatividade.
o dinamismo e a recompensa são excelentes aliados.
E sobre a história eu não quero aprofundar, pois seria spoiler atrás de spoiler, mas uma coisa é fato: Temos aqui Os Ocultos em plena forma!
A ideia de algo solitário se perde, é muito interessante ver como Dá pra ter o esplendor de como realmente o Credo é.
Acompanhamos a jornada de Basim, um ladrão das ruas de Bagdá que ao ser conflitado pela dor, parte para um caminho altruísta e incisivo numa Bagdá corrompida pelo poder paralelo.
o Jogo não nos poupa em mostrar o quão triste pode ser viver em lugares esquecidos pelo mais afortunados: A escravidão, homicídios e corrupção fazem a Bagdá sangrar e chorar em AC Mirage.
A IA dos inimigos oscila entre o coerente e o ausente. Testei os 3 níveis de dificuldade do jogo e não vi tanta diferença da IA, Eu abatia um cara tento outro em menos de 3 metros, e mesmo com o gemido de dor do azarado, o outro nem aí pra hora de Bagdá. Assim como matava um e o próximo meio que ficava esperando. O que mudou nos níveis de dificuldade foram os tempos de resposta.
A exploração nesse mapa mais simples tende a ser mais fácil também. Cheguei a encontrar itens raros no susto (Momentos de felicidade!), porém senti falta de um pouco mais de “suspense”.
Mesmo sendo tudo isso, preciso tirar um tempo também pra te dizer: AC Mirage também tem seus pontos fracos.
durante o meu tempo de jogabilidade, tive poucos encontros com bugs, um deles foi até engraçado, mas outro não, o jogo simplesmente congelou e o áudio continuou, e lá pro final da campanha, um item ficou flutuando perto do meu braço, mas não teve problemas em continuar.
Algo que não gostei foi justamente o abandono do combate frontal. Eu acho que mesmo simples poderia ter certos comandos e ajustes para melhor desempenho em momentos de sufoco, da pra jogar tranquilo, mas o desafio vai ser maior e a punição também.
As opções de compras nos comerciantes são bem limitadas, nessa parte o jogo peça pela falta de itens em loja, poderia ser mais abrangente. Mas espero ver e achar mais diagramas e mais roupas para o nosso Trombadinha chamado Basim (Se você jogou Valhalla você sabe do que estou falando).
Cedido gentilmente pela Ubisoft Brasil, tive a experiência no PS4 e olha… tá lindo e não fica devendo nada! A fotografia está fluida, a escolha das texturas principalmente no por do sol são lindas, assim como a noite, os carregamentos não são tão longos quantos o do Valhalla.
Se você é fã antigo do credo, esse jogo vai te abraçar como um tamanduá. Se tu for fã dos 3 últimos jogos, tu vai sentir uma estranheza enorme em diversos modos, mas vai te fazer curioso com o minimalismo. E caso tu seja novato, bom.. seja bem vindo!
Não espere um jogo tão épico quanto o Origins, mas ele tem sabor, tem sua força! Ele é simples, horas simples até demais flertando com um “soft Reboot”… mas vale a experiência, pois é divertido do começo ao fim!
Um jogo não tão longo comparado aos outros, mas consegue ir direto aonde precisa ser atingido, bebendo de fonte de Clássicos que vão do cinema cult á pontos que lembram contos clássicos, assim como a própria franquia se usa de inspiração.
O jogo Sai para todas as plataformas no dia 5 de outubro.
Se quiser pular… basta ter fé!
4 de 5