Por: João Branco
Deck 13 mostra que aprendeu com os erros, mas, o que faltou para “The Surge”?
Confesso a vocês, caros leitores do GeekSaw, que não sou muito fã de RPGs. Embora os jogos em que eu tenha mais horas na vida sejam aqueles da franquia “Pokémon”, tanto para Game Boy como para N64 e 3DS, RPGs, na atual fase da minha vida, me exigem um tempo do qual eu não desfruto. No entanto, ao aparecer na minha frente a chance de avaliar The Surge, tive que limpar a agenda e mergulhar nesse universo complicado e desafiador do jogo da Deck 13.
Fiquei com medo, a princípio, de se tratar de uma “cópia” de Lords of The Fallen, da mesma empresa. Esse game é lotado de defeitos e pontas soltas, mas que tinha um claro potencial. The Surge apara essas arestas e nos entrega um Action RPG de primeira categoria. Vocês já devem ter ouvido muito a comparação com Dark Souls, certo? Bem, vamos deixar esse título de lado e focar em Warren, nosso protagonista em The Surge, e o que ele precisou fazer para me convencer a jogar – assim como deve convencer vocês também.
Enredo
O mundo passa por uma fase meio esquisita, eu diria. O cenário me lembra muito “Recore”, game exclusivo para Xbox One. Ao iniciar a porfia, conhecemos a Creo, uma empresa que, digamos, tem a missão de estabilizar o planeta. Para isso, cria diversas tecnologias para o meio ambiente e para as pessoas. Warren, que é tetraplégico, ganhou um exoesqueleto e, com ele, a missão de sobreviver em meio ao caos, com pessoas em situação parecida com a sua, só que completamente fora de controle. Sem querer ser chato, não é um tema que prende muito a atenção. O jogo de traz outras coisas mais importantes para se preocupar do que a história.
Jogabilidade
Logo de cara, o que mais me impressionou em The Surge foi o combate. Achei genial o fato de você poder escolher qual parte do corpo dos inimigos vai atacar. Isso é fundamental para ajudar na evolução de Warren. Ao executar os oponentes você extrai esta parte do corpo para que depois possa ser anexada ao seu exoesqueleto. Claro, você precisa extrair algumas partes iguais para atingir um nível possível para a customização. Mas, o mais interessante, é que se você colher peças de uma mesma “categoria”, bônus de dano ou saúde podem ser acrescentados a Warren.
Para evoluir a poder do seu núcleo, você precisa recolher sucata. Mas, cuidado: ao morrer, você perde toda a sucata acumulada, a menos que, periodicamente você a guarde em uma espécie de centro de controle. O defeito, neste caso, é que você pode evoluir Warren infinitamente, sem avançar no jogo. Os inimigos renascem a cada vez que você entra no centro de controle.
Parte do avanço do game consiste em entrar no sistema da Creo e neutralizar portas e barreiras. Algumas delas te exigem diferentes níveis em seu núcleo. Portanto, a não ser pelo desafio, você pode, como falei acima, ficar matando os “pebas” do início do jogo até alcançar o nível desejado. O mesmo vale para o nível das armas.
A originalidade é um ponto positivo no combate de The Surge, apesar de suas falhas. Ter “energia” para realizar certos golpe e execuções te exige certo cuidado e zelo. É muito importante ser letal em The Surge. Não gostei muito da câmera, para ser sincero, mas é algo que você acaba se acostumando. Ah, outra coisa: senti falta de um botão para “repelir” golpes, ou contra-atacá-los. Ao enfrentar certos inimigos, é muito importante poupar sua energia, já que cada movimento de combate em The Surge te custa vigor. Portanto, veja bem se há apenas um inimigo por perto. Evite entrar em uma disputa com dois ao mesmo tempo. Sério, vocês vão evitar uma dor de estômago enorme.
Dificuldade
O jogo todo, normalmente, leva 20 horas para ser finalizado. Eu levei umas 28. Sério, eu achei difícil. Cheguei a morrer inúmeras vezes e em vários momentos. Desde missões fáceis até os chefões. Por isso, guardar a sua sucata, embora seja chato, é extremamente necessário para garantir a evolução de Warren. Isso é algo que a Deck 13 poderia pensar mais para a frente. Sério, isso não agrega em nada.
Gráficos
The Surge apresenta um nível gráfico aceitável, justo. O modo HDR do Xbox One S deixa o game com um tom muito agradável, sem qualquer serrilhado aparente. Muito embora, oficialmente, ele rode a 900p no Xbox One e a 1080p no Playstation 4. Em ambas as plataformas The Surge roda a 30fps. Talvez no PS4 Pro ele rode a 60fps.
Som
Ponto alto em The Surge. Achei toda a sonoplastia do jogo sensacional. O barulho feito a cada execução e golpe é muito fidedigno. Você sente mesmo estar decapitando um ser metade lata, metade carne.
Vale a Pena?
Vale. Mesmo com alguns defeitos, The Surge é um jogo que cumpre o que promete. Ao mesmo tempo que tem sua originalidade, não esconde que bebeu da fonte de outras franquias importantes. Gostaria de ver um “The Surge 2” algum dia. O sistema de combate é muito bom, a ambientação é intrigante, mas, faltam algumas coisas para ele ser um jogo nota 10. Esse vai-e-volta com Warren para garantir a evolução do personagem ameaçou estragar a experiência com o game. Em compensação, o desafio de querer ficar mais forte fez com que esse “obstáculo” fosse superado.
Este review foi possível graças a uma cópia de The Surge para Xbox One, cedida gentilmente pela Deck 13.