“E, nas sombras pungentes de meu escritório, sinto apenas a presença diabólica de uma deidade infernal e atemporal que logo cobrará seu dízimo nefando e, eu impotente, terei de arcar com o peso desse sacrifício maldito.”
Chegando pela Editora Coerência e organizado por C. B. Kaihatsu, dez autores e cinco ilustradores se unem para trazer A Sociedade dos Corvos, livro que nenhum amante de belas capas em sua estante vai querer deixar de adquirir.
A Sociedade dos Corvos é um grupo de autores e ilustradores amantes de terror. Seu nome é derivado do poema O Corvo, um dos mais famosos do mestre do gênero Edgar Allan Poe, que não por acaso, está na capa dessa edição impecável.
Podemos encontrar uma clara homenagem a Poe na escrita, que assim como a do mestre, leva o leitor no limite entre a realidade e a fantasia, tornando cada final imprevisível. Outra característica possível de se encontrar na escrita, é que alguns contos mexem com o imaginário sem mostrar totalmente qual o agente que causa o terror, fazendo com que o leitor preencha as lacunas propositais com o que lhe dá mais medo, o que é observado na escrita de HP Lovecraft. Outros contos possuem um final dúbio, fazendo assim a história expandir além das páginas. Muitos contos vão deixar aquele gosto de “quero mais”, deixando os leitores intrigados com o que acontece a seguir, fomentando a discussão entre pessoas que já leram a obra.
A escrita é, em sua maioria, madura e polida, utilizando de um linguajar que não é comumente utilizado, o que enche os olhos na hora da leitura. É preciso prestar a atenção e saborear as linhas para ter uma melhor experiência com cada conto.
Logo nas primeiras páginas do livro, temos uma introdução falando dos clássicos do terror, fictícios ou não, como se nos apresentasse uma linha de tempo do gênero, com as coisas que encheram a mente humana de medo até a chegada desse livro nas mãos do leitor, feito para deixar qualquer um no clima mesmo antes de começar algum conto.
Para introduzir o leitor, cada conto possui uma pequena descrição do autor que o escreveu, o que instiga ainda mais pelo que está por vir e ao mesmo tempo deixa nas mãos do leitor a chance de continuar acompanhando aquele tipo de escrita, seja adquirindo outras obras do mesmo autor ou procurando outros contos que ele tenha escrito. Já no final de cada conto, encontramos uma ilustração, que resume a ideia geral do que foi lido, nos dando um vislumbre da história.
Apesar de haver clara influência na maioria das escritas, cada conto é original e surpreendente, o que é maravilhoso de se ver em um gênero que, apesar de ser paixão de muitos leitores, parece cada vez mais difícil encontrar uma história que não remeta a outra. Os autores têm profundo conhecimento do que tratam em seus contos, seja pela afinidade com o assunto ou pelo estudo feito acerca dele, para que cada detalhe fosse importante no contexto.
Existem contos para todos os gostos, do fantasioso ao horror, do suspense à repulsa. O leitor não vai terminar o livro sem que pelo menos uma boa quantidade dos contos deixe sua marca.
Título: A Sociedade dos Corvos
Editora: Coerência
Idioma: Português
Organizadora: C. B. Kaihatsu
Páginas: 301