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Resenha | Tábula Rasa (Editora Coerência)

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“Não importa o quanto lutemos pela vida, a morte alcança a todos em algum momento. Para alguns de uma forma mais dolorosa que para outros, e não é todo mundo que sabe lidar com isso.”

A Editora Coerência surpreende mais uma vez com uma distopia de nome Tábula Rasa, do jovem autor Laplace Cavalcanti. Neste livro, o leitor começa no meio de um acontecimento, sem entender bem o que se passa, assim como nosso protagonista. Ele não tem memórias de seu passado e não se lembra de nada a não ser seu nome: David McKay. Enquanto tenta associar o que acontece em sua volta com a mente embaralhada, David fica sabendo que o mundo acabou e que ele se encontra numa base militar subterrânea, o único lugar seguro depois da guerra nuclear que devastou o planeta. O local é nomeado Cofre, por guardar o bem mais precioso da Terra: seus únicos sobreviventes. O sobrevivente parece aceitar de forma pacífica o fim do mundo. Será que ouvimos tanto que esse dia chegará, que quando isso finalmente acontecer estaremos anestesiados? Com a ajuda de terapia de hipnose, David consegue lembrar de pequenos aspectos de sua vida, o que o ajuda a ser uma engrenagem para o bom funcionamento do Cofre.

Todos estão presos no abrigo devido à radiação que se alastra na superfície, mas além disso existe outro inimigo, a infertilidade. Todos os sobreviventes ficaram inférteis depois da guerra, mas evitam falar sobre a possível extinção da raça humana. Cada dia de sobrevivência e trabalho duro se torna em vão se eles não puderem reverter esse problema. Agora David precisa se acostumar com sua nova realidade e ajudar no desejo unânime do Cofre: voltar à superfície que é seu lugar de direito, liderados pela diretora Elizabeth, que não medirá esforços para alcançar esse objetivo.

David é um personagem que procura ao máximo ser otimista e servir de porto seguro aos seus amigos, sempre em busca de mostrar que é possível sobreviver e ter uma vida agradável apesar das angústias que a vida os fez passar. Mas ao mesmo tempo tem um crescimento incrível durante a história, que faz o leitor se colocar em seu lugar e imaginar que escolhas teria tomado se fosse colocado na mesma situação.

A escrita é detalhada ao ponto: os personagens são descritos de forma sucinta, sem se apegar demais em detalhes, mas dando características o suficiente para o leitor conseguir imaginá-los e identificar cada um. A diagramação é confortável e os capítulos são curtos, o que faz a leitura fluir.

É incrível a forma como o autor consegue sustentar um livro com quase 450 páginas que se passa praticamente inteiro em um mesmo ambiente e manter a história sempre interessante, de forma que a vontade é não parar de ler. Laplace consegue transitar entre cenas tensas de ação e a delicadeza das partes mais leves com muita naturalidade.

Como o livro é grande, o autor tem o tempo necessário para nos apresentar os personagens e construir uma atmosfera entre eles, deixando o leitor cada vez mais intrigado com os mistérios do Cofre e seus moradores. Ao mesmo tempo, o livro deixa no ar a dúvida se todos são gentis e amigáveis como vemos, ou se as coisas não passam de fachada para um plano maior.

Se você gostou de The 100, vai adorar essa distopia, que possui um desfecho surpreendente, que amarra todas as pontas, dá sentido a cada detalhe e vai deixar o leitor ávido para o próximo livro de Laplace.

Título: Tábula Rasa

Editora: Coerência

Idioma: Português

Autor: Laplace Cavalcanti

Páginas: 449

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