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Crítica | Em Ritmo de Fuga

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Há diversos títulos de filmes que perdem o significado quando traduzidos. Algumas vezes, esses títulos são completamente alterados. Por conta disso, é comum que alguns filmes possuam termos genéricos no título como “implacável”, da pesada”, etc. Baby Driver é o nome original do filme, que aqui no Brasil foi traduzido como Em Ritmo de Fuga. Enquanto o título original acerta em botar o nome do personagem dentro do título, o nacional acerta ao adicionar no título a palavra que mais descreve o filme: ritmo.

Na trama, acompanhamos o entusiasta da música – Baby (Ansel Elgort), um jovem com problemas auditivos que trabalha como piloto de fuga para Doc (Kevin Spacey) uma pessoa excepcional em orquestrar os mais diversos tipos de assaltos, Baby possui uma dívida com Doc e agora precisa pilotar para saná-la. Tudo isso muda quando o talentoso piloto conhece Debora (Lily James) e através dela, vê a perspectiva de largar a vida de crimes. Entretanto, para isso ele deve encontrar uma maneira de escapar de Doc e seus capangas Buddy (Jon Hamm), Bats (Jamie Foxx) e Darling (Eiza González).

A excelente direção de Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto, Scott Pilgrim Contra o Mundo) interliga tudo ao universo do filme, seja da premissa à paleta de cores ou à trilha sonora, todos os elementos do filme estão em ressonância uns com os outros. Mesmo o filme pertencendo ao gênero ação, a narrativa se apoia tanto na trilha sonora que quase beira o musical. As cores vibrantes passam uma ideia de empolgação e velocidade, que combina com o agitado roteiro do filme.

No entanto, apesar do ritmo ser agitado, o filme sabe o momento de acelerar e diminuir, assim como um carro em uma estrada sinuosa. A ideia de ritmo é demonstrada em todos os aspectos do filme, seja na movimentação dos objetos e do cenário ou nos barulhos de tiros e dos carros que se interligam ritmicamente às músicas. Além disso, toda a trilha sonora está adequada aos momentos do filme, que mantém um fluxo contínuo ao mesmo tempo em que evita se manter em apenas um tom: há ação, comédia, drama.

Baby, expressa-se através da música. Enquanto seus constantes óculos escuros e inabilidade na fala não adicionam carisma ao personagem, é através da música que o protagonista revela seu lado “cool”. Talvez a principal mensagem que o filme passe, seja justamente essa: há mais de uma forma de ser uma boa pessoa, não é porque um indivíduo está em uma situação ruim que ele é necessariamente, ruim.

É justamente nesse aspecto que o personagem de Jamie Fox (Django Livre, O Espetacular Homem-Aranha 2) se mostra como um dos pontos mais negativos do filme. Afinal, o personagem apenas reforça estereótipos e suas ações nunca parecem ter um real aprofundamento. Em suma, o personagem é mau, mas sem um aparente sentido para a maldade. Por conta disso, fica a impressão de que o personagem exista apenas para que haja um antagonista durante boa parte do filme. Além disso, o filme desliza brevemente ao estender o conflito final mais do que o necessário, com as insistentes aparições do personagem de Joh Hamm (Mad Man, Sucker Punch). No entanto, nada que prejudique gravemente a experiência que o filme proporciona.

Por fim, Em Ritmo de Fuga é um filme que, da mesma forma que o personagem principal, fala através da música. A história, os personagens, o cenário e a trilha sonora se interligam intimamente para montar a harmônica sinfonia que o filme é. Tornando-o uma experiência agradável aos olhos e aos ouvidos.

Nota: 8

Em Ritmo de Fuga chega aos cinemas do Brasil no dia 19 de julho.

Participação: Julio künzle

 

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