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Crítica – Death Note

O filme se baseia no mangá homônimo, criado por Tsugumi Ohba e Takeshi Obata. Produzida pela Netflix, a adaptação cinematográfica dirigida por Adam Wingard (Bruxa de Blair) conta a história de Light (Nat Wolf) que encontra um Death Note, um caderno que possuí o poder de matar aquele cujo o nome for escrito nele. Com a intenção de criar um mundo melhor, Light junto à Mia (Margaret Qualley) usam o Death Note para matar criminosos. Contudo, um misterioso detetive, que se denomina L (Keith Stanfield), busca achar e condenar o responsável por essas mortes que vem ocorrendo ao redor do mundo.

A estrutura narrativa utilizada no mangá é originária do ocidente: o clássico Thriller policial, repleto de grandes tramas e reviravoltas. Logo, dado ao fato de que os principais elementos de Death Note têm um caráter mais universal do que regional, são, portanto, passíveis de uma adaptação ocidental. Afinal, dentro do contexto histórico-social tanto ocidental quanto oriental, há as engrenagens principais que constituem a trama: a ocorrência de crimes, a justiça (ou a falta dela) em meio a diversos conflitos filosóficos. É nesse aspecto que a que nacionalidade da adaptação, não é, necessariamente um ponto negativo.

Entretanto, na intenção de aproximar a obra ao mercado estado-unidense, a adaptação se tornou uma policial genérica atrelado à dramas adolescentes. Aparentemente, além da já obrigatória bandeira dos Estados Unidos da América, que precisa estar presente em pelo menos uma cena de todos os filmes norte-americanos, as produções americanas também constam com outros dois elementos essências em longas estrelados por adolescentes: algum baile escolar genérico e, um personagem que possuí um bom status social, mas é de alguma forma, revoltado e demonstra sua rebeldia com cigarros, cruzando os braços ou com expressões de tédio. Em Death Note essa personagem é a Mia, que por conta desses cansativos arquétipos amplamente utilizados nas produções americanas, impedem que a personagem seja crível.

Por outro lado, Light e L se aproximam de personagens mais tangíveis. Diferente de suas versões na obra original, ambos são personagens que beiram uma humanidade comum. Enquanto Light é mostrado como um adolescente normal e não um estrategista nato, L aparenta ser muito emocional. No entanto, a essência da obra original é baseada nos dois personagens disputando um contra o outro de uma maneira inteligente, onde cada jogada é extremamente calculada. No filme, os personagens ficaram muito mais emocionais do que racionais, alterando a forma com que a disputa de ambos ocorre.

A versão cinematográfica se distância do material original e deixa de lado diversos elementos importantes que contribuíram para que o mangá tenha sido aclamado mundialmente. Em relação ao mangá, os personagens do filme são destoantes de uma maneira em que remove diversas características essenciais . Elementos como a apreciação de L por doces ou até seu jeito de sentar estão presentes no longa, contudo, esses aspectos sem sua grande perspicácia e controle emocional transformam o personagem em uma casca vazia. Light sofre com o mesmo problema: enquanto no mangá sua frieza; genialidade; determinação e senso de propósito são inquestionáveis, a versão cinematográfica compromete esses traços através de constantes ações vacilantes do personagem e até mesmo pelo relacionamento romântico que o dono do Death Note possuí com Mia.

Os atores interpretam de forma competente, destaque para Ryuk (Willem Dafoe). Porém, os problemas na narrativa impedem que eles consigam desenvolver bem os personagens. O ator que interpreta L, sofreu preconceito por conta das diferenças étnicas que possuí em relação ao personagem do mangá. Todavia, dentro da adaptação, os problemas relacionados ao detetive não se encontram em sua aparência ou na interpretação do ator, mas sim no roteiro ruim do longa. A parte estética é o ponto mais positivo, o continuo contraste evidente entre claro e escuro se alinham à temática da obra e entregam uma ótima fotografia para o longa. Em contraparte, a trilha sonora não se encaixa em uma temática sombria, mas em um romance adolescente com músicas que beiram o pop.

Portanto, Death Note é ruim em comparação ao material original. Se visto isoladamente, é um filme policial genérico onde todos os pontos positivos são provenientes do mangá que deu origem ao longa. Ainda, esses pontos não são tão bem explorados quanto em qualquer uma das obras relacionadas à Death Note como o mangá, anime e até o dorama e os filmes japoneses. Desse modo, a produção da Netflix é completamente dispensável e talvez seu único propósito seja atrair novos fãs para franquia através da apresentação à Death Note por meio da película norte-americana.

Nota: 4

Death Note (2017) está disponível pelo serviço de streaming Netflix.

Guilherme
Guilhermehttp://geeksaw.com.br/
Primeiro Batman antes de Bruce Wayne. Extrovertido e sem graça. Uma mistura de piadas ruins e clichês, e um senso de humor gigante para rir delas. Editor chefe do GeekSaw. Apaixonado pela "Bigscreen" e por tudo que é novidade.
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