“Meu Deus! Como não fizeram esse filme antes?” Foi essa a sensação que eu tive quando subiram os créditos – com uma salva de palmas dos presentes na sessão, diga-se de passagem – de ‘Mulher-Maravilha’. Criada há mais de 70 anos para as HQs, a personagem ganhou uma série de TV protagonizada por Linda Carter na década de 70, mas ficou a lacuna de um filme solo. Foram rodados seis longas com o Superman e oito com o Batman, enquanto Diana ficou limitada à “trindade” do Universo DC.
Alguns acreditam que ‘Mulher-Maravilha’ é uma apologia ao feminismo e que a DC fez o filme porque o tema está na moda. O longa é fiel à proposta de William Moulton Marston, que elaborou a personagem na década de 40. Marston queria criar um personagem que vencesse os seus adversários não somente através da força física e de super poderes, mas através do amor. Foi então que a esposa dele sugeriu uma heroína, já que as HQs eram dominadas pelos homens e elas eram sempre retratadas como donzelas em perigo. “E a mensagem deste filme não é apenas sobre empoderamento feminino. É sobre amor e justiça. É sobre isso que o filme é. E é uma grande mensagem a ser levada para os nossos pequeninos”, conta a atriz Robin Wright, que vive a General Antiope.
Mas isso não quer dizer que o filme não faz nenhuma referência ao feminismo. Eu quis ressaltar que esse não é o foco da trama. As referências acontecem de forma leve, por conta da ingenuidade de Diana, que cresceu em um paraíso dominado por mulheres e sem nenhuma interferência masculina. Ela faz leves criticas bem humoradas sobre situações que não faziam parte da rotina dela, como a imposição uso de um espartilho, que era comum na época. Ela também ficava irritada quando achavam que ela era frágil só por ser mulher.
A narrativa do filme protagonizado pela a israelense Gal Gadot é bem construída. Já nos encantamos de cara com a pequena Diana, que insistia para sua tia General Antiope treiná-la, contra o desejo da sua mãe, a Rainha Hipólita (Connie Nielsen). Temos também uma breve e didática explicação de toda a mitologia que envolve as Amazonas, que é fundamental para entendermos a origem do conflito que teremos logo à diante. Diana cresce, se aprimora na luta, descobre seus poderes aos poucos e decide que é hora de deixar Themyscira para “salvar aqueles que não podem se defender”, como ela mesma descreve, no contexto da Primeira Guerra Mundial.
Gadot, que serviu o Exército do seu país por dois anos, consegue dar a dose ideal de feminidade, feminismo, inocência e força para sua ‘Mulher-Maravilha’. É interessante ver Steve Trevor, mocinho e par romântico de Diana, vivido por Chris Pine, sendo contagiado pelo espírito de justiça da semideusa. A interação entre o casal, de universos totalmente opostos, nos garantem algumas risadas.
As cenas de ação são de tirar o fôlego! Elas são embaladas pela vinheta que tocava no final dos trailers. É de arrepiar! O preparo físico de Gal e seu conhecimento sobre armas foram bem aproveitados no filme. Ela até dispensou a dublê em algumas cenas consideradas mais perigosas.
Destaque também para as incríveis sequências em Matera, na Itália, onde foi criada a cidade cenográfica de Themyscira. A beleza do local e o desempenho das Amazonas, com destaque para Robin Wright, já cativou o público nos primeiros minutos. Já na segunda fase do filme, em Londres, já notamos logo a fotografia mais pesada e sombria, remetendo ao contexto da guerra e da desordem, diferente da radiante Themyscira. A diretora Patty Jenkins soube aproveitar bem os elementos!
“Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Essa foi a “moral” da história pra mim. Você não precisa ter os superpoderes da Diana para lutar pelo amor e justiça. O longa é uma mensagem de fé na humanidade para todas os sexos e idades.
‘Mulher-Maravilha’ estreia em 1 de junho.
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