Alex Kidd é um daqueles jogos que a geração de gamers atual talvez nem conheçam, mas os velhacos vão à loucura só de ouvir o nome. Alex Kidd in Miracle World DX (ou só Alex Kidd DX, porque eu tenho preguiça) é a versão remasterizada de um dos jogos mais famosos do Master System. Eu mesmo nunca joguei (vergonha do prrofissôn!!!), mas não deve ter um gamer da minha idade para mais que o nome desse jogo não apite alguma coisa.
Estamos passando por uma onda de remakes e remasters forte. Várias franquias estão voltando a vida e revendo a luz do dia (ou da noite, dependendo do gamer), aflorando a nostalgia dos “idosos” e apresentando títulos incríveis à nova geração de gamers. E agora, quem está de volta é Alex Kidd!
Alex Kidd DX é um jogo de plataforma e aventura, com mecânicas simples e uma história um tanto clichê. Você controlará um garotinho chamado Alex (ah, vá), que estará determinado a salvar o mundo do malígno Janken, o Grande e recuperar o que lhe é de direito. Além de soquinhos e duelos contra chefes, você também deverá derrotar os lacaios de Janken com desafios de Jan-Ken-Pon, ou o famoso “Pedra, Papel, Tesoura.”
Esse jogo, orignalmente lançado para Master System em 1986, segue aquele modelão arcade ingrato: ele em si não é difícil, mas a jogabilidade e a programação o tornam um desafio árduo faxa preta. A versão remasterizada não trouxe bem melhorias quanto a esse sistema, apenas uma opção para ativar vidas infinitas nas configurações do jogo. Além de (enormes) melhorias visuais e as vidas infinitas, Alex Kidd DX também traz suporte para uma porrada de idiomas, incluindo… PORTUGUÊS BRASILEIRO!
O ponto forte desa versão está no novo design. O visual do jogo foi refeito com uma arte nova totalmente do zero. Afinal, o jogo original é bem antigão. É uma enorme diferença de gráficos daquela época para hoje em dia. Alex Kidd DX segue uma linha cartunesca e fofinha, que me lembrou rapidamente Maple Story ou outros joguinhos do estilo, por causa da paisagem e das cores.
Alex terá que enfrentar diversos obstáculos e desafios em sua aventura para impedir Janken, o Grande. Ao longo da jornada, você encontrará alguns ítens colecionáveis (como a caixa original do jogo) e ítens que o ajudarão em sua aventura também, como um anel/bracelete que lhe permite atirar projéteis ou uma bola com o poder de ver o que outras pessoas estão pensando. Muito útil principalmente para enfrentar os chefes no “pedra, papel, tesoura.”
Junto à cara nova, caso queira conhecer o jogo original ou reviver os tempos de criança, você pode voltar para o visual antigo do Master System com o apertar de um botão a qualquer instante. É até divertido ficar mudando para ver como era e como ficou. Alguns personagens chegam a ser engraçada a diferença gritante.
Mas, toda moeda tem sempre dois lados. Como Alex Kidd DX não incorpora muitas novidades ou melhorias comparado ao original, além do novo visual reimaginado, isso acaba trazendo características que hoje em dia estão defasadas.
A maior dor de cabeça que tive com o jogo foi a combinação das hitboxes dos inimigos e o fator 1-hit-kill do jogo. Eu sei que vários outros jogos, ainda mais dos anos 90, também são assim, por conta dos arcades da época. O bicho encostou em você, morreu. Porém, esses outros jogos têm dinâmicas diferentes que permitem você não se tornar uma vítima desse modelo de programação. O famoso Contra, por exemplo, é um shooter. Você está longe do inimigo e as hitboxes dos tiros são pequenas. Mesmo com a dificuldade que Contra apresenta, você ainda tem um estoque de vidas e renasce naquele ponto da fase.
Em Alex Kidd DX, seu personagem ataca com soquinhos, o que te deixa muito exposto aos inimigos. Claro que você pode simplesmente evitá-los em sua maioria. Porém, mesmo evitá-los pode ser uma tarefa complicada, uma vez que as fases são cheias de blocos e plataformas para atrapalhar sua passagem.
Eu notei que as hitboxes parecem ser apenas um retângulo que envolve toda a extremidade do sprite. Eu morri diversas vezes por mal relar nos inimigos. No vídeo abaixo você poderá ver uma experiência que tive com um dos chefes. Aparentemente, eu morri para absolutamente nada. Saltei sobre ele, sem encostar nele ou nas bolinhas que o macaco joga. Ainda assim, morri em pleno ar. Por quê? Foi justamente o momento em que ele levantou a espada para atacar. A programação simplesmente interpretou tudo antes mesmo de se quer exibir qualquer coisa na tela. O jogo entendeu que eu estava dentro da hitbox do urso, me matou, e cancelou a animação de ataque antes mesmo de poder mostrar qualquer coisa.
Se o boneco tivesse uma barra de vida ou gastasse uma vida para renascer, como é em Contra ou Streets of Rage, seria definitivamente um ÓTIMO upgrade para o jogo.
Os controles também acabam não sendo muito amigáveis de se jogar no Switch. Jogos de plataforma 2D e analógicos já não se dão muito bem por natureza. Com a física estranha e movimentos deslizantes do boneco, fica ainda mais complicado. Então a opção é usar o D-Pad de M&M’s do Switch, algo que… claramente também não ajuda. Se você já jogou algum jogo de plataforma no Switch, sabe bem do que estou falando. A melhor opção então é usar um controle Pro para ter o D-Pad tradicional ou um controle paralelo.
Para piorar a questão dos controles, se você acha fases na água as piores de todas, é porque ainda não jogou Alex Kidd. Além de já ser na água, por alguma razão o Alex bóia para cima. É tipo aquele joguinho de celular Flappy Bird, mas invertido. Agora, junte com o que falei das hitboxes e imagine o caos que é.
Minha crítica aqui não é a dificuldade do jogo, mas sim a real origem dessa “dificuldade”, que vem de uma programação estranha e ultrapassada.
O lado POSITIVO disso tudo é a opção de vidas infinitas. Como talvez você deve ter notado, essa opção será sua melhor amiga nesse jogo (junto de paciência) se quiser uma jogatina mais tranquila.
Infelizmente, pela experiência que tive, Alex Kidd in Miracle World DX parece mais um jogo preguiçoso para saciar a nostalgia dos fãs. Na época dele mesmo, várias revistas de games deram uma ótima avaliação e comentários como “(…) é a resposta da SEGA para o Mario [da Nintendo]” (1991, revista Computer and Video Games). No entanto, mesmo com notas incríveis e comentários emperolados, Alex Kidd não conseguiu crescer para muito além do Master System.
Se eu disser que não me entreti jogando, estaria mentindo. Eu abracei o desafio e falei: “Não! Eu vou terminar esse negócio. Não serei derrotado por um jogo! NEVEEEER!” Só não foi uma experiência prazerosa, já que o fator nostalgia não me acertou por nunca ter jogado o original. O jogo podia ter sido remodelado ou reinventado, porque em meio a uma jogabilidade “frágil” e falta de estímulo por parte dele, Alexx Kidd DX acabou deixando a peteca cair.
Nota: 3/5