Dauntless é um jogo MMO similar ao estilo da franquia de Monster Hunter. Apesar das semelhanças, o primeiro consegue se diferenciar em alguns aspectos e mecânicas, assim provendo experiências diferentes. Com a demo de Monster Hunter Rise disponível no momento, é uma ótima oportunidade de testar e comparar ambos os jogos caso ainda não os conheça. Onde Dauntless acaba se sobressaindo é o fato de ser um jogo gratuito e ter uma jogabilidade mais simplificada. Mas seriam estes fatores positivos ou negativos para o jogo?
Como já mencionado, Dauntless é um MMO (Massive Multiplayer Online), o que implica que o jogo funciona somente sob uma conexão de internet, não sendo possível jogá-lo offline. Assim sendo, o jogo apresenta diversos recursos que se encontram nos demais jogos online, como por exemplo: chat por texto, chat por voz, lista de amigos, e times. Ele também possui crossplay, sendo possível jogar com pessoas de qualquer plataforma. E claro, por ser gratuito acredito que eu nem precise mencionar a existência de ítens e pacotes compráveis com dinheiro real, não é?
Assim como em Monster Hunter, o mundo é dividido em mapas fechados (ou semi-abertos?). Você tem um hub inicial, que é a vila onde se encontram as missões, vendedores, ferreiros, etc., e cada missão é um mapa vasto para explorar. No caso, tais mapas não têm tempo limite – como no outro. Você pode ficar lá o quanto quiser explorando e caçando, pois os monstros renascem frequentemente e alguns mapas até têm eventos hora ou outra. No meu ver isso é um ponto vantajoso, pois se alguma missão lhe pedir 20 unhas de lagartixa mutante, é possível ficar na fase até conseguir todos os materiais sem a necessidade de constantemente ficar naquele “entra, carrega, sai, carrega, entra, carrega, sai, …”
O jogo é um pouco confuso no início. Você é lançado num mundo cheio de informações e coisas, todas alí disponíveis. Apesar de ter um tutorial inicial para você conhecer tais ferramentas, a sensação é de que ele é um meio jogado no seu colo. Aprender o funcionamento e objetivo do jogo vai mais da sua insistência do que dos ensinamentos vindos do mesmo. E apesar de algumas dessas informações não serem tão óbvias, felizmente também não são muito complexas. Com um pouquinho de leitura e paciência, é possível entendê-las e dominá-las.
Falando em leitura, Dauntless abrange diversos idiomas incluindo o PT-BR! Então se você não for muito familiarizado com idiomas estrangeiros, não se preocupe, pois o jogo ainda será compreensível. O trabalho de tradução é bom. Os textos são bem escritos e vários termos foram muito bem escolhidos também. Falando de mim, que não sou muito fã de jogos em PT-BR (por simples costume de muitos anos), fiquei até que agradado enquanto jogava Dauntless. No entanto, ainda assim a tradução não é perfeita. Encontrei alguns poucos escorregões, e uma certa indecisão em traduzir nomes ou não. O seu personagem ainda é chamado de “Slayer” no textos, por exemplo (que em português seria um matador ou, para o contexto, um caçador), enquanto outros nomes foram completamente traduzidos.
Em termos de jogabilidade, Dauntless compartilha muitos aspectos de Monster Hunter, mas não os copia cem por cento. Você ainda tem as mesmas mecânicas de consumo de energia ao atacar, correr e esquivar, os tipos de armas, e a luta contra monstros enormes, chamados de Behemoths. Com uma mistura de golpes fracos, fortes, habilidades, e destreza, é até possível quebrar ou cortar partes dos monstros durante o combate, expondo seus corpos para receberem mais dano ou impossibilitando determinados tipos de ataques, tal como para adquirir loots específicos. Mesmo semelhantes, Dauntless apresenta uma mecânica um pouco mais fluída e simplista com relação ao seu “primo” Monster Hunter.
O combate funciona legal e contém sua dose de desafio. Determinadas armas ou tipos de ataque podem, além de quebrar ou cortar os monstros, também causar um efeito de “stagger”, que irá imobilizar o monstro por um tempo, derrubá-lo e até interromper ataques. Outro ponto interessante é que você precisa concentrar seus ataques num determinado lugar do monstro para conseguir os efeitos desejados. Obviamente, se você quiser cortar o rabo dele, não adianta ficar atacando a cabeça.
Seu personagem pode ser equipado com uma arma, capacete, armadura, calças, botas e uma lanterna. Cada parte também contém slots para células, que concedem pequenos bônus ao personagem de vida, dano, resistência e/ou melhorias. Dentre os menus, há várias coisas para desbloquear. Desde customizações mais excêntricas, como poses, animações e dancinhas; à utilidades. Os equipamentos podem ser repintados e até mesmo mudar a aparência para que você seja um caçador não só forte e destemido, mas também estiloso! Há um menu muito importante chamado “Caminho de Slayer”, que é basicamente por onde você terá que progredir para liberar novas missões e melhorias para o personagem.
No hub do jogo, onde estão os NPC’s, você encontrará outros jogos e poderá formar grupos com eles. Não que isso seja necessário, a menos que queira jogar com amigos, pois em toda missão você entra com um grupo de jogadores aleatórios que já estavam na fase ou estão entrando junto. Nesse vila hub você deverá visitar os NPC’s se quiser ficar mais forte. Por quê? Você encontrará os ferreiros e o alquimista para fabricar novos equipamentos e poções que lhe tornarão mais capaz de enfrentar as bestas de cada missão. Lembrando também que, pelo modelo do jogo, você terá que fazer uma boa porção de grinding para isso. Ou seja: não basta ter o dinheirinho e meia dúzia de ferro para forjar uma espada nova; na maioria o ferreiro pede por partes de Behemoths para poder preparar o item. E é aí que aquela parte de os monstros renascerem cai como uma luva.
Mas, como sempre, nem tudo é um mar de rosas… Algumas das diferenças de Dauntless o colocam em segundo lugar. A começar pelo posicionamento da câmera. Esse tipo de jogo se dá pela caça de monstros grandes, e cada um mais enorme e ameaçador que o outro. Em Dauntless, no entanto, notei que para dar uma sensação de que o monstro seja maior do que realmente é, a câmera fica muito próxima do personagem. Isso complica e muito a jogabilidade, pois você tem parte da tela tomada pelo seu boneco, outra parte tomada pela HUD, e metade pelo monstro em si (ou parte dele, pois você está tão próximo que só consegue ver o rabo). Também dá uma leve sensação de claustrofobia além de ser muito difícil identificar os movimentos e ataques dos monstros, nos presenteando com inúmeras danos e mortes gratuitos.
Também me deparei com alguns bugs e falhas do jogo, que não saberei dizer se são só da versão do Switch ou geral. Por vezes os comandos simplesmente paravam de funcionar. Acredito que possa ter sido alguma queda de conexão, no entanto ainda era possível andar e o monstro continuou me sapecando até eu quase morrer. Em outros momentos que tentei coletar material, recuperar vida com uma fissura de energia ou reerguer algum aliado – ações que exigem segurar o botão B – a animação começava e logo em seguida era cancelada como se soltasse o botão. O mais triste disso é que você sai de *** por não ajudar o aliado abatido, e a culpa nem é sua. 🙂
Outro aspecto que pode ser positivio ou negativo (depende do ponto de vista) é no quanto ele escala a dificuldade do nada. As primeiras fases você pensa: “Pô, de boa. Joguinho legal.” Mas logo em seguida os monstros simplesmente te jantam! Até você pegar melhor as manhas e descobrir a arma que você se dá bem com o estilo, vai um tantinho de vontade. Unido a isso, os monstros escalam sua força com o número de jogadores na área de combate dele. Teoricamente, quanto mais jogadores mais fácil deveria ser a caçada. Porém, algumas vezes é melhor enfrentar um monstro sozinho do que com seis jogadores… Afinal o monstro agora é seis vezes mais duro de matar.
Os gráficos do jogo não deixam a desejar. Eles lembram bastante o estilo em Fortnite, meio cartunesco, que eu particularmente acho bem legal e bonito. As vistas são bem bonitas, tudo relativamente bem trabalhado e colorido. Mas para o Nintendo Switch, a empresa provavelmente precisou fazer uma escolha: beleza vs desempenho; e a escolhida foi uma mescla dos dois, pouco mais inclinado para beleza. Você notará que Dauntless roda numa taxa de FPS meio baixa (aparentemente 30, as vezes caindo para uns 20-25 principalmente no hub). Felizmente isso não atrapalha na jogatina em si – ou pelo menos eu não senti nada. Me pareceu mais um atraso no carregamento do que no processamento, pois as batalhas fluem até que de boa. De qualquer forma, é um jogo gratuito, então a gente consegue desconsiderar algumas coisas. 🙂
Dauntless está agora disponível na eShop BR também! Como é um jogo grátis, aproveite e baixe-o para experimentar. Apesar dos poréns do jogo, não se desestimule por eles. Estão aqui para que você não seja pego de surpresa e se frustre à toa. Dê ao jogo uma chance, pois ele é sim bem divertido e uma ótima alternativa para quem quer se aventurar no mundo de caça ao Behemoths.
Nota: 3/5