‘Kosmokrats’, desenvolvido pela Pixel Delusion e publicado pela Modern Wolf, é um jogo indie de construção e puzzles um tanto criativo. Ele pode até te lembrar outros jogos que você já tenha jogado, seja em console ou para celular. Mas eu diria que a melhor descrição do jogo é que Kosmokrats é como um filho entre os famigerados Tetris e Asteroid.
Em Kosmokrats os seres humanos buscam explorar o espaço e, possivelmente, encontrar uma “Nova Terra”. E como você já deve ter suspeitado pelo nome e as artes, o jogador faz parte do que na história do jogo seria a União Soviética.
O jogo começa com você fazendo seu humilde trabalho como um descascador de batatas (sem zoeira) em uma estação espacial ‘soviética’. Está lá, todo feliz e pimposo, refletindo sobre as batatas (novamente, sem zoeira), quando é convocado emergencialmente para assumir o posto de piloto de drone espacial! Mas, infelizmente, é uma promoção temporária. Assim que o piloto oficial chegar à estação, você voltará ao que sabe fazer de melhor: descascar batatas. Ou quem sabe você prove ter um propósito muito maior no mundo, abandone essa vida “batatosa” e se torne um legítmo piloto de drones! Enfim.
Assim que o jogador assume o posto como piloto temporário, seu instrutor lhe dará a opção de fazer o tutorial ou ir direto à primeira missão. Kosmokrats é bastante intuitivo, mas o tutorial também nem é longo, então vale a pena fazer. Só acho que poderia valer uma conquista no jogo ou na Steam.
A este ponto no jogo, você provavelmente já deve ter notado diversas referências à coisas do passado. Se você for jovem, talvez não signifiquem nada, mas se já tiver lá seus 30 anos para mais, o efeito nostalgia vai com certeza te pegar em cheio.
A história de Kosmokrats se passa por volta dos anos 60 em diante. Então você verá monitores de tela verde, linhas de comando do MS-DOS, aquelas impressoras escandalosas com folhas de furinhos nas laterais e o amado barulhinho de conexão da internet discada. O próprio tutorial do jogo é um joguinho mequetrefe antigo com aqueles sons podrões.
E apesar dessas referências antigas, o jogo em si não tem aparência de velho. Os personagens não são os modelos 3D mais lindos e perfeitos do mundo, mas isso também adiciona um charme a Kosmokrats. Eles têm uma aparência cartunizada, combinando muito bem com a atmosfera cômica que o jogo propõe. Já dentro das missões – o universo, o drone e as peças de metal – são muito bem trabahadas. Apesar de serem modelos 3D simples, vê-se um certo cuidado em textura e jogo de luzes.
Agora, por que afinal Kosmokrats seria um filho entre Tetris e Asteroid? Bem, a começar que é ambientado no espaço e os controles do drone funcionam muuuuito parecidos com os de Asteroid. A parte Tetris do jogo é justamente onde se encontram os puzzles.
Para construir as estações e módulos espaciais, o jogador deve empurrar peças de formatos variados e conectá-las umas às outras (à la Tetris) enquanto domina as físicas da gravidade zero (à la Asteroid).
Mas não se engane, pois o jogo não é só isso. Dentro de cada missão há também objetivos a serem seguidos caso queira uma conclusão perfeita – o que é bastante útil, uma vez que suas recompensas são baseadas em seus resultados. Dentre as recompensas temos os Kartoshkas, o “din-din” do jogo. Você pode – e eventualmente deve – gastar seus Kartoshkas para comprar alguns ítens, desbloquear modos do jogo e… batatas. Pior que comprar batatas não é sacanagem. Você precisa delas para não passar fome, que diminui seu desempenho ao pilotar o drone.
Além disso, a medida em que se progride no jogo, os desafios vão se tornando maiores e mais complexos. Os módulos passam a ter mais peças, encaixes em cores correspondentes e jeito certo de montar. Se uma parte for montada no lugar errado, é bem possível que você não consiga concluir o módulo, levando a perdas significativas no término da missão. Infelizmente, neste caso, Kosmokrats é um jogo que só vai para frente. Ele faz uso de auto-save, sem save manual, e não é possível refazer missões passadas para tirar um melhor desempenho.
E a dificuldade do jogo não acaba aqui. Junto a esses detalhes, as missões são uma corrida contra o tempo. Sim! Você ainda tem tempo para completar o módulo espacial. Mas aqui você pensa: “tranquilo, é só fazer super rapidão.” NÃAO~! Porque se não tomar cuidado ao empurrar as peças no espaço, os impactos do drone podem danificar e até destruir certas partes dos módulos espaciais. Isso também implicará na redução das suas recompensas.
Mas espere! Se você ligar AGORA também levará o fato de que algumas missões têm astronautas flutuando por aí e deve tomar cuidado com eles. E NÃO É SÓ ISSO. Ligando dentro dos próximos minutos, você levará inteiramente grátis conflitos intergaláticos para atrapalhar sua missão ou até mesmo danificar os seus módulos espaciais!
É.. acho que agora é só isso. Bom, acredite: haverá momentos onde será preciso planejamento antes de mandar seu drone para a ação e habilidade para solucionar os puzzles rápido e sem danos.
Unido à jogabilidade e desafios, o que também torna Kosmokrats tão cativante são os personagens. Os diálogos são bastante descontraídos e divertidos. Não é à toa que eu enfatizei tanto o fato de você ser um descascador de batatas, pois seu instrutor faz isso ainda mais do que eu fiz. Afinal, você não tem um nome e é chamado de Potato Peeler (“descascador de batatas”, em português).
É possível notar que a Pixel Delusion se sentiu livre em fazer certas piadas e trocadilhos. Algo que, pelo menos para mim, é um diferencial que torna o jogo divertido.
Inclusive o sotaque russo dos personagens. No jogo, nenhuma nação é mencionada diretamente, mas sabemos muito bem a quem eles se referem quando aparece escrito “capitalistas” nas cores vermelho, azul e branco.
A minha tirada favorita até então é quando seu instrutor te dá acesso à mais configurações do drone e diz: “Não faça eu me arrepender disto…. Já tenho arrependimentos demais com meu segundo casamento.”
Para concluir, se você é um jogador assíduo que busca sempre mais, saiba que Kosmokrats tem sistema de recompensas (medalhas), por completar determinados requisitos, e 5 níveis de dificuldade: Easy, Normal, Hard, Hardcore Mode e Realistic Physics Mode; sendo os 3 últimos desbloqueáveis.
O modo Hard é o jogo em si só que mais difícil. A batata começa a assar (tô ficando viciado em batatas) nos dois últimos níveis. No Hardcore Mode diz ser como o jogo foi originalmente desenvolvido. Seu drone não tem a habilidade de puxar objetos e mover-se gasta energia. Já no modo Realistic Physics é literalmente a gravidade zero: uma vez que um objeto começa a se mover, ele não para mais. Deve ser bem difícil, mas divertido.
Nota: 3/5
Apesar dos aspectos positivos e cômicos de Kosmokrats, ele não é mais que um jogo de puzzles com um enredo divertido. Tem quem ame, claro, mas a frustração é iminente. Eu diria ser um ótimo jogo para se jogar em stream. Nas mãos certas, renderia bastante entretenimento a quem estiver assistindo e, consequentemente, aguçaria o interesse em muitas pessoas.
