“Por que você usa essa fantasia idiota de coelho? Por que você está vestindo essa fantasia ridícula de homem?”
― Donnie Darko
A Editora Darkside Books apresenta Donnie Darko, o livro que representa um dos primeiros Cult Movies de verdade deste século XXI do Roteirista e diretor Richard Kelly.
Adormecido em posição fetal está Donnie Darko, despertando com o amanhecer no monte Cárpato, um penhasco íngreme que eclode dos densos bosques da Virginia. Seu sorriso parece um renascer. Aquele de canto, como se estivesse pronto para uma travessura.
Na mesa de jantar a família Darko discute. Elisabeth tem comentários afiados, Donnie com certeza naquele momento gostaria de dizer mais que alguns palavrões, apesar de ser introspectivo, ele toma por muitas vezes uma postura insolente. Ele parou tomar seus remédios. Seu quarto é literalmente uma “zona” só resta tempo para ler Graham Greene e mais alguns palavrões para sua mãe, Rose.
2 de outubro de 1998. Uma voz ecoa no quarto chamando por Donnie. “Acorda, Donnie…Acorda” Confuso, Donnie permanece como um sonambulo, saindo de sua casa e de deparando com um novo amigo imaginário Frank, um coelho monstruoso que profetiza o fim do mundo.
Ninguém quer um filho esquizofrênico, disso o Donnie sabe bem, por isso ele passa por terapia, mas parece que ele é apenas visto como mais um garoto problemático. Ainda mais agora que sua casa está em destroços. Uma turbina de um boeing 747 simplesmente caiu sobre sua casa, quase o partindo ao meio e depois disso tudo começa a ser mais anormal do que já poderia ser, ainda mais sabendo quem salvou a vida dele.
Contagem Regressiva, 28 dias, 06 horas, 42 minutos e 12 segundos. O tempo está correndo e Donnie está cada vez atormentado, transcendendo sua capacidade racional de distinguir o real e o imaginário. De alguma forma as pessoas começam a notar sua presença na escola de Midddlex, até mesmo a nova garota da sala. Visões e vozes começam a se tornar constantes e algumas coisas não parecem ser o acaso, ainda mais depois de Donnie ganhar um livro chamado, a filosofia da viagem no tempo escrito por uma mulher chamada Roberta Sparrow, aonde ela descreve acontecimentos que Donnie está vivendo.
O fim se aproxima. Enquanto isso Frank estimula Donnie a realizar seus desejos mais sombrios e nesses momentos ele parece exercer algo além da compreensão. Existe um profundo prazer em suas ações. “Existe beleza na destruição”. Tudo que parece fazer pouco sentido começa a se encaixar, cada ação sendo cuidadosamente direcionada mesmo que inconscientemente. Aleatório ou não, Donnie foi escolhido, mas ele precisa enfrentar seu maior medo antes de quebrar a linha do tempo. No desenrolar dos fatos, desatando os mistérios chegamos então a um clímax final na noite de Halloween que determinará então a morte de alguém especial e sua compreensão de tudo.
Sobre a casa de Donnie um imenso buraco começa a se formar, ele sente uma dor no estomago. Uma série de planos de passagem de tempo picotados se formam. Tudo começa a se rebobinar para o ponto inicial de vinte oito dias atrás. Donnie finalmente então compreende seu papel. Em seu quarto ele solta gargalhadas e cobre-se com o seu cobertor, chegou a hora e ele está mais que pronto. Existe paz na sua escuridão, seu olhar é penetrante e sua boca toma a forma de um sorriso quase de macabro.
O livro é um roteiro original inspirado em Kafka, Stephen King e Graham Green; segundo, uma antiga lenda urbana, o longa de Richard Kelly, interpretado por Jake Gyllenhaal trás um prefacio exclusivo para esse lançamento e que também conta com uma entrevista minuciosa com o próprio Richard Kelly. O filme curiosamente foi rodado em apenas vinte oito dias. Este ápice do cinema cult, trás uma das respostas mais inusitadas que podemos nos lembrar, quando se trata de uma interpretação. Em um cenário do fim dos anos 80, nos vemos dentro de uma historia aonde a vida e a morte pode ser amplamente discutida, envolvendo um personagem principal problemático com uma disparidade de senso comum, fazendo-o ter percepções calculistas, e, por consequência, se rebelar contra ela. Podemos então percorrer vários caminhos, montando um quebra cabeça ao avesso. Personagens singulares, obstáculos cotidianos, ideais, buracos de minhoca, questões existenciais, hipocrisia e fundamentalismo religioso são alguns dos poderosos ingredientes que Richard Kelly usou para criar Donnie Darko, também bem situado no terreno do terror e do suspense. O próprio roteirista e escritor criou o livro intitulado A Filosofia da Viagem no Tempo mencionado na historia, dando notoriedade e que foi baseado no livro do físico Stephen Hawking, sendo indicado como melhor roteiro de estreia. Com incríveis soluções narrativas, até mesmo didáticas, essa historia tomará vida diante dos seus olhos em uma série de arquétipos da época, tornando-se atemporal trazendo essencialmente a ideia de viagem no tempo. Não existe apenas uma opção viável, não existe apenas um caminho para seguir. A beleza de Donnie Darko está em você nunca saber exatamente o que dizer. É uma obra em exposição pronta para ser reinterpretada. Uma fábula metafísica, um encontro com o desconhecido, a beleza da escuridão sobre muitos aspectos.
Autor: Richard Kelly
Título: Donnie Darko
Páginas: 240
Tipo de capa: Capa Dura
Editora: Darkside Books