“Eles provavelmente sentiam a natureza estranha que os rodeava, provavelmente sentiam o cheiro.”
A Editora Aleph nos apresentou mais um livro épico, “Eu sou a lenda” Escrito por Richard Matheson orginalmente publicado em 1954 aonde influenciou profundamente obras que abordam mundos pós-apocalípticos, sendo inspiração para outros nomes do terror e ficção cientifica
Janeiro de 1976, Rua Cimarron. Robert Neville, o ultimo homem da terra cheirando a alho. Estranho pensar assim mesmo depois de já cinco meses vivendo nesse mundo pós-apocalíptico seus dias são preenchidos pela busca de mantimentos, consertando e fazendo melhorias na sua casa, ouvindo musica clássica. O relógio costuma despertar com o sol, assim ele poderia caminhar em volta da casa, fazendo os reparos necessários. São pedras, tijolos jogados, eles quebram tudo. As noites, bom, quem dera a casa fosse a prova de som, mas ele precisa ouvir eles chegando. Rosnados, brigando entrei si, até comendo uns aos outros e Ben Cortman gritando por seu nome do lado de fora da casa. Seres pálidos, depravados. Ironicamente, Vampiros. Ele nunca poderia imaginar, nem nas piores hipóteses. Alho e madeira, uma lenda sarcasticamente verdadeira.
Nas primeiras noites Robert os espiava, vendo assim, mulheres totalmente despidas ou com seus vestidos rasgados em posições depravadas chamando por ele. Já são meses em pura solidão, ele já não estava em um mundo normal, com sua esposa e filha agora só o restava eles. Um calor por muitas vezes subia seu corpo ao olhar aquelas mulheres se exibindo. Pressionava os lábios cerrava os punhos, seu musculo do abdômen se fecha com um espiral aterrorizante. É descabido pensar, depravado em níveis exorbitantes, mas afinal como se controlar, ele está sozinho, até então. As lagrimas escorriam por suas bochechas barbadas.
Em um surto de solidão e desespero, Neville pega jipe e saiu em disparada até Virginia, algo o estava deixando inquieto. Já se foram dez quilometro, com o pedal da direita apertado com firmeza contra o assoalho. Devia ter passado já um mês que ele não a via. Kathy, por que ele não podia estar lá com ele também, uma indagação repetida tantas vezes. Ao lado do caixão, o silencio o acolheram com mãos geladas cheias de gentiliza. No canto da cripta, um vampiro. Neville o arrasta para fora e o deixa, buscado paz ao lado de sua amada.
15:00pm.Atordoado, Neville desperta. Inacreditável como o tempo passou rapidamente, seu relógio deve ter parado. Mas a cena a seguir que ele contemplava criteriosamente respondeu suas perguntas mais obvias. Um sentimento de euforia se instala, talvez com alguns mais estudos e experimentos ele encontre a solução. Inicialmente Neville passará tempo tentando descobrir uma cura, mas a solidão venceu quase todas as suas batalhas por sanidade. O mundo tinha ido para o inferno. Sem germes, sem ciência. O mundo ruiu ante o sobrenatural, é um mundo de Harper’s Bizarre e Saturday Evening Ghost e Ghoul Husekeeping.
Cobaias. Aconteceu na terceira manhã, quando cambaleou para fora da casa. Neville avistou um cachorro marrom perambulando nas ruas. Ele está vivo! A luz do dia! Resmungando, ele dizia a si mesmo coisas – Aquele cachorro pode ser o pico da evolução. Mas para Robert ele representaria muito mais que apenas isso. As surpresas apenas começam a aparecer. Um constante passar pelo passado e aspirações futuras, teorias de um turbilhão de sentimentos em uma possível interação com outra pessoa viva, passando pelas páginas da história do mundo, imerso no relato pessoal da ascensão de uma nova raça e o desaparecimento de outra. É quando então que a pandemia entra em seu estado mais critico no ápice final de uma descoberta sem precedentes, Neville desperta para o religioso em uma cena memorável.
Adeus mundo velho. As cenas finais deste livro prometem deixar sua mente em estado de alerta constante imerso em um paradoxo distorcido e futurístico. Robert Neville agora tem total consciência. Ele era um anátema e terror negro a ser destruído. Com um sorriso desprovido totalmente do medo, aonde sua psique, torna o predador aterrorizante em uma janela para o futuro, agora ele pode dizer entrando de mansinho na fortaleza inexpugnável da eternidade. Eu sou a Lenda.
Richard Matheson cria uma sequencia de contrafações, um mundo distopico.Um personagem cheio Frustração sexual, solidão e frente a morte eminente na trama. Sua mente adoece por falta de contato humano com um final curiosamente otimista e épico. Fazendo sua mente dar um salto sobre o improvável. O autor tem uma intenção clara quanto a querer deixar o leitor avido pela sobrevivência do legado humano, com narrativas fortes e propensas a especulações sobre a historia em todos os tempos e uma profundidade sobre os sentimentos vividos a cada dia sobre família, solidão, sociedade e uma eminente extinção de uns e evolução para outros. Um terror “domestico”. O autor deixa sua simpatia sobre as angustias da guerra fria, trazendo enfim a superfície de tudo uma faísca da possível epifania da humanidade em suas maiores e menores singularidades. Com uma encadernação de capa dura e algumas gravuras insinuantes, um prefacio de Stephen king falando sobre a influencia de Matheson e em suas inspirações, ha também no livro trás extras como uma critica biocultural de Mathias Classen, professor da universidade de Arrhus, Dinamarca e uma conversa com o autor, Richard Matheson, de dezembro de 2007. Originalidade está bem descrita neste livro, que é e deve ser uma obrigatoriedade na estante de um fã de terror e ficção cientifica clássico.
Características
Editora: Aleph
Altura: 21.00 Cm
Largura: 14.00 Cm
Número De Páginas: 384