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Resenha | O Retrato de Dorian Gray – Adaptação de Clarice Lispector

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“Em certos momentos, o pecado não era aos seus olhos senão um simples meio de realizar o seu conceito do belo”

 

A editora Rocco com o selo Jovens Leitores apresenta um clássico de Oscar Wilde adaptado por ninguém menos que Clarice Lispector, O Retrato de Dorian Gray.

Em meio ao glamour hipócrita dos aristocratas, vivia Basil Hallward, um pintor que estava a beira de sua perfeição artística. Dorin Gray. Em um fascínio de adoração e amor profundo Basil pinta um quadro de corpo inteiro a óleo de Dorian, em sua inocência e jovialidade, de cabelos cor do sol e olhos azuis como os oceanos. Um amor que desperta a curiosidade de um amigo próximo a Basil. Lorde Henry Wotton, um homem que exalava doce em sua voz, porém amargo ao final. Sua filosofia de vida, transparecia o prazer e seu prazer era a influenciar.
Dorin se perde nas palavras de Henry enquanto Basil permanecia absorvido por sua arte. Suas frases de efeito e seu modo de falar trazem a superfície do jovem Dorian algo que ele mesmo desconhecia em si mesmo. Henry poderia ser classificado como o mal em tons suaves e filosóficos e assim Dorian ao contemplar seu retrato finalizado e assinado por Basil, algo pulsa em seu coração e um desejo incontrolável e sai a procura de explorar o mundo.
Como ainda jovem e ansioso por aprovação Dorian leva seus amigos Henry e Basil para conhecer uma jovem atriz de baixa condições financeiras por qual ele se apaixonara perdidamente. Sendo ele desiludido e mortificado pelas palavras de sua amada que nada tem, seu retrato carrega sua primeira marca. Seu primeiro pecado. Uma cena angustiante e desprovida de toda e qualquer decência ou amor.
Esses três amigos permanecem inertes em seus mundos mas sobrevivendo um ao outro com seus segredos. Maquiavélico e de um poder sobrenatural ao influenciar os outros Henry presenteia Dorian com livro que transtorna seus desejos ainda mais enquanto em um quarto escuro ele esconde seu retrato e seus pecados. Enquanto suas conversas com o Lorde Henry se intensificam, sua influencia maligna já parece ser inútil aos que já não existe aonde sobrepujar a inocência. Dorian já não vai mais ao atiele de Bisal, apesar do apreço inestimável do amigo pintor que decai em suas obras sem sua verdadeira inspiração.
A perfeição de seu rosto permanece intacta e o jovem tão bem visto e requisitado começa a ser motivo de muitos burburinhos. Lugares decadentes e satisfação ao seus mais sombrios prazeres são alguns dos relatos. A pintura diabólica guardada sobre a mansão de Dorian e seus pecados acumulados começam a respingar sobre todos e a vida inicia seu acerto de contas. Sobre o assoalho empoeirado e cheio de marcas de dor, sangue e culpa, um ultimo grito ecoa sobre a mansão em meio a madrugada. Sobre o peito uma faca e sobre o chão a perfeição encoberta sobre o vermelho da paixão e beleza que se escondem nas sombras da juventude.
Oscar Wilde, foi astuto, corajoso ao inicialmente em 1890 apresentar aos mundo uma historia que surgiu de uma conversa casual e um pensamento filosófico perturbador. A obra original acusa muitos dos pontos que em plena era vitoriana se poderia encontrar, assuntos polêmicos sendo considerado um exemplo de literatura gótica com fortes temas interpretados a partir do lendário Fausto remetendo as fabulas do jovem Narciso. Existindo apenas duas versões deste romance. Clarice Lispector não deixou de lado nenhum dos pontos altos de lado, em uma introdução própria já inicia uma fascinante apresentação desse romance. Os diálogos são de encher os olhos e a leitura flui com rapidez sem muitos rodeios e com frases bem colocadas. É uma narrativa muito peculiar com capa, sumario e introdução bem colocadas juntos aos seus títulos. Não veremos o íntimos de personagens secundários mas teremos o vislumbre se suas influencias. Poderíamos dizer que essa obra é atemporal pois suas criticas e intensidade de sentimentos contidos podem ser bem colocados em nossa sociedade atual de outras maneiras. Uma adaptação cheia de beleza e tragédia, nem imoral nem moral, apenas um reflexo. Uma leitura deslumbrantemente satisfatória e muito bem recomendada.

 

 

Autor: Oscar Wilde
Tradução e Adaptação: Clarice Lispector
Preço: R$ 24,50
Assuntos: ficção – romance/novela
Selo: Rocco Jovens leitores

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