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Review – Cloudpunk: O abandono de uma metrópole

Debaixo de noites chuvosas, poluição visual de propagandas, memórias reconstruídas em caixas, traficantes e entregas suspeitas, assim é o universo de Cloudpunk.
Uma junção da desolação e da inutilidade da vida humana.
A temática Cyberpunk sempre foi algo visualmente encantador e triste ao mesmo tempo (Akira, Blade Runner, Ghost in the Shell). O que tememos, o que desejamos, é uma linha tênue e uma jornada pelos olhos de uma entregadora que tenta reconstruir memórias de coisas que naturalmente já seguiram o curso natural das coisas.
Mas o que tem dentro das encomendas?

Bares, quiosques e gente duvidosa com comidas questionáveis.

Lançado em 23 de abril de 2020 (o ano avassalador) para Windows, e só lá por volta de 15 de outubro para as outras plataformas ( Nintendo Switch, PS4, e Xone).
O jogo foi desenvolvido pela Ion Lands, e distribuído pela Maple Whispering Limited.

Assim como a Temática Cyberpunk sugere, o jogo é ambientado em uma metrópole que engole a vida humana, vista pelo plano de uma cidade sob as nuvens (cloud, sacou?), Você é a entregadora Rania no seu primeiro dia de serviço de uma empresa que presta serviços de entrega não muita ortodoxa , a Cloudpunk, vista por alguns como uma saída para suas entregas ilícitas, para outros um desprezo perante o modo de vida deles e para a nossa protagonista, um meio de sobreviver, que chega a ser triste tentando manter o mínimo dos recursos para viver (no caso dela sobreviver). Guiada pela voz de seu comando chamado de Controle, as entregas são sigilosas, sem perguntas e sem enrolação, mas isso não impede de você dar um destino diferente a carga.

As propagandas da cidade atropelam seus olhos.


Em meio a Comidas de rua, ofertas de empregos suspeitos e traficantes a cidade é bela, mas o seu foco é estar imerso a entrega, a fazer o trabalho, mesmo que seguranças não colaborem com sua entrada em alguns locais reservados.
A história se arrasta em seu fluxo, no ritmo, mas pega a gente no fator de : “certo, o que vem depois disso?”.

No jogo você controla seu carro (ou nave, vai de você como chama seu veículo), podemos andar pela cidade , mas só em pontos onde tem como estacionar (não é bagunçado não), conversar com pessoas, comprar itens perecíveis, colher itens (esses nos faz entender melhor a lore do jogo), acessar locais trancados com códigos e transitar entre portais pra outras regiões.

Uma cidade deslumbrante, rica em prédios enormes e neons coloridos.

Um ponto que chamou minha atenção desde o primeiro trailer é o seu visual pixel art com 3D. Imagine um Minecraft com iluminação do The Last Of Us Part 2. Sério, é lindo, ver aquela cidade aparecendo diante da neblina, contra ponto formas com sua iluminação, estradas claustrofóbicas, e com ‘blur’ gostoso saindo das luzes (algo como a obra suprema Akira). É cativante o visual, me fez sentir dentro de algo alternativo do Filme O 5° Elemento (que inclusive foi o Moebius que desenhou aquele visual do filme, de nada).
Mesmo a foto dos personagens aparecendo na tela com visual realista, Você compra a ideia deles serem pixelados.
A câmera do jogo é algo a ser elogiada com muito gosto aqui! Não basta você ter a opção de primeira e terceira pessoa, ele te dá opções variadas de distanciamento e de uma câmera isométrica também. Eu quis abusar das possibilidades visuais, e isso é uma coisas que outros jogos deveriam copiar.

O vazio desolador da metrópole em tons de azul são convidativos a seguir a viagem.

Além disso a Hud do jogo pode ser ocultada com facilidade, dando aqueles jogadores que buscam ficar mais confinados a se divertir assim. E as legendas em português estão muito boas!
Mas como essa cidade purgatório da beleza e do caos (se você é dos anos 90 sentiu a referência) nem tudo são flores.
Infelizmente o jogo é lento, repetitivo , e levemente desanimador. Não existe uma dificuldade, não existe um perigo a cada instante e vai depender de você imergir e sentir que o medo maior é que possam te pegar fazendo algo errado.
Mesmo tendo a possibilidade de arrebentar o carro, eu sempre arrumei o meu, e eu esperava uma consequência financeira maior por isso.
Os comandos no começo são confusos, o carro da muito trabalho às vezes, e a personagem da umas travadas ao andar pela cidade.
Posso estar sendo injusto, pois o jogo não é sobre desafios in game, são sobre a vida da protagonista, da sobrevivência em um mundo aonde ela não significa nada além do que chamam ela : Entregadora.

Você não é obrigado a seguir a rota principal, mas aqui terás um pouco mais de velocidade.

Não vá com sede ao pote, Cloudpunk não é ação e interação absurda, é sobre jornada, é sobre descobrimento, sobre viver em um mundo triste e desesperançoso. Busque seu objetivo e não fale nada!
Cloudpunk não fez minha cabeça, mas me fez questionar toda entrega como questiono a vida real : “O que realmente eu estou fazendo aqui?”

3/5

Ricardo Chagas
Ricardo Chagas
Fã de metal extremo à Alcione, nerd dos anos 90', ilustrador como profissão e cantor como hobby para atormentar os vizinhos. Considera Kratos como o maior personagem de todos os tempos.
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