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Crítica: Com desgastes, X-Men: Fênix Negra encerra franquia de modo frustrante

Por Yuri Alves

Adeus aos X-Men tem gosto amargo

Quando X-Men: Primeira Classe (2011) surgiu, um sentimento de revitalização da franquia dos mutantes surgiu entre os fãs. A proposta trazia uma versão jovem de alguns mutantes conhecidos como Charles Xavier e Magneto. O filme surpreendeu e agradou o público, bem como a crítica. Foi então que se deu início a uma nova fase cinematográfica da franquia.

Três anos depois, X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014) juntou as duas linhas temporais e redefiniu a confusa cronologia, corrigindo alguns erros do passado. Com um dos melhores filmes, desde o primeiro X-Men (2000), o território estava corrigindo. Entretanto, o escorregão veio logo em seguida com X-Men: Apocalipse (2016). Ali, o roteiro tropeçou e apresentou um filme que divertiu, mas dividiu opiniões.

Agora, os X-Men são heróis nacionais

Fênix Negra, o mais novo filme dos mutantes, traz um bom momento para os personagens. Eles não são tratados como escória ou ameaça pela sociedade. Após salvar o mundo do Apocalipse eles ganharam a simpatia e o apoio do povo, sobretudo do governo. Assim, começaram a ser recrutados para algumas missões. Em uma delas, envolvendo um resgate espacial, Jean Grey (Sophie Turner, Game of Thrones) é exposta a uma tempestade solar, absorvendo toda energia cósmica. De volta a Terra, ela começa a perder o controle e percebe que há algo de errado consigo.

É então que Jean quebra o bloqueio mental que Charles criou em sua infância, após um evento trágico com seus pais. A partir daí ela se torna uma força indestrutível e de poder ilimitado. Com a morte de um dos membros do time, os mutantes se dividem, ao mesmo tempo em que essa energia cósmica desperta o interesse de uma raça alienígena. A maior ameaça que os X-Men precisarão enfrentar, portanto, virá deles mesmo.

Família dividida

Sempre foi uma marca dos X-Men trazer discussões sobre causas sociais e relações familiares conturbadas. Neste novo filme, portanto, o foco é o trauma através da tragédia familiar. A rejeição e o valor do perdão. Sem entender seu poder em nível máximo, Jean se torna frágil diante de tantas descobertas. O que chega ser uma ironia, para uma personagem tão poderosa. É um conflito de sentimentos, e uma batalha interna enquanto busca sua identidade. Mas Jean não precisa enfrentar tudo isso sozinha, ela tem Cyclope, seus amigos e Charles. No entanto, há uma carência de profundidade na construção da trama e falta emoção.

O protagonismo feminino predomina. Mas Jean divide tela com outras mulheres fortes. Mística (Jennifer Lawrence) a cada filme vive um conflito, e aqui não seria diferente. Carregada de um discurso feminista, ela se mostra insatisfeita e irritada com o comportamento de Charles, com seu ego e vaidade inflados. A misteriosa personagem de Jessica Chastain tem seu objetivo muito claro, mas não há uma construção aprofundada. É uma personagem de ações imediatas com o desejo de alcançar seu objetivo. Tempestade não ganha o espaço merecido e se torna apenas uma coadjuvante. Assim como o restante do elenco é subaproveitado. Até mesmo Evan Peters não tem o “momento do mercúrio“, característico dos filmes anteriores.

Os problemas

Fênix Negra, inicialmente programado para novembro de 2018, foi adiado para junho deste ano. A produção passou por refilmagens, sobretudo no seu terceiro ato. Até onde se sabe, o clímax aconteceria no espaço (sendo fiel à HQ), o que seria muito mais emocionante e espetacular. No entanto, tudo foi refeito e a batalha final se passa em um trem. A sequência seria perfeita se fosse realocada em outro momento do filme. Apesar da ação e da beleza visual quando a Fênix está em ação, falta impacto nas cenas de ação.

Os fãs dos mutantes certamente ficarão, mais uma vez, divididos. É possível apreciar o filme como mero entretenimento, com sequências de lutas bem elaboradas, uma boa dose de ação e a trilha sonora de Hans Zimmer que está espetacular. Mas, se encararmos a produção como capítulo final de uma franquia, o resultado é bem aquém.

É frustrante ver mais uma vez uma das sagas mais importantes e icônicas dos mutantes ser mal produzida e dirigida. O filme possui um elenco estelar, repleto de atores e atrizes premiados, se tornando um dos poucos motivos que tornam o filme relevante.

A direção é de Simon Kinberg, o mesmo de X-Men: O Confronto Final  o filme que trouxe a história da Fênix Negra como subtrama, na primeira parcela de filmes. Mas vale lembrar que, naquele filme, as coisas soam bem frustrantes. Portanto, X-Men: Fênix Negra seria uma espécie de reboot da trama e poderia ser a chance de uma adaptação digna. Mas o resultado é bem equiparado à primeira versão da adaptação da famosa trama dos mutantes. Uma pena.

Com Fênix Negra, o público diz não um adeus, mas  sim um até breve aos mutantes. Com a aquisição da Disney, o futuro dos X-Men é imprevisível. É um fato, a Fox não conseguiu equilibrar seus erros e acertos, mas foi capaz de dar vida a personagens muito queridos pelos fãs. Mas, infelizmente, não tivemos um encerramento apoteótico e digno dos personagens nos quadrinhos. Já podemos apagar essa linha do tempo novamente?

Nota: 2,5/5

Guilherme
Guilhermehttp://geeksaw.com.br/
Primeiro Batman antes de Bruce Wayne. Extrovertido e sem graça. Uma mistura de piadas ruins e clichês, e um senso de humor gigante para rir delas. Editor chefe do GeekSaw. Apaixonado pela "Bigscreen" e por tudo que é novidade.
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