Editora Aleph lança nova edição de Um Reflexo Na Escuridão, que serviu de base para o roteiro inovador do filme Scanner Darkly (O Homem Duplo)
Um reflexo na escuridão, de Philip K. Dick, volta às prateleiras das livrarias brasileiras agora em março. A nova edição do clássico será lançada pela editora Aleph, responsável por publicar as obras do autor no Brasil. Philip é um dos maiores escritores de ficção científica do século XX, com obras mundialmente famosas. Com um estilo que se aproxima dos psicodramas, Dick não fez sucesso apenas na literatura: ele também é um dos autores do gênero com mais livros adaptados para o cinema. Vários de seus trabalhos tornaram-se conhecidos devido a filmes com grandes bilheterias, como Blade Runner: O caçador de androides, Minority Report: A nova lei, O Vingador do Futuro, O impostor, Os Agentes do Destino e O Vidente.
Um reflexo na escuridão foi adaptado para o cinema em 2006, com o título de O Homem Duplo, filme do cineasta Richard Linklater (diretor do premiado Boyhood). O filme utilizou uma técnica inovadora de animação, usando atores e transformando-os depois em desenho, recebendo grandes elogios da crítica especializada.
Escrito originalmente na década de 1970, este romance de PKD se passa na Orange County do futuro. A história gira em torno do Agente Fred, policial escalado para obter informações sobre a origem de uma droga chamada Substância D. Sob o nome de Bob Arctor e com um disfarce que muda até sua fisionomia, ele é infiltrado em um grupo de usuários e se vê obrigado a tomar grandes quantidades da droga para manter sua identidade em segredo. No entanto, o policial logo começa a duvidar de sua própria consciência – como é característico do trabalho de PKD – e não sabe mais quem é de fato: um honesto policial se passando por usuário de drogas ou um viciado que, para obter acesso mais fácil às substâncias ilícitas, finge ser policial.
O livro possui diversos elementos autobiográficos, tirados da experiência do autor em meio à cultura das drogas. O livro reflete não só a vida do autor, mas também o momento vivido pela sociedade de sua época, além de ser considerado um dos textos mais sombrios de Dick. O próprio PKD, em entrevista dada à revista SF EYE em 1996, citou que ele realmente se via nessa história. Em uma nota do autor, que consta no fim do livro, Philip faz uma homenagem a todas as pessoas que ele amou durante a vida e que, devido ao uso exagerado de álcool e drogas, acabaram mortas ou com sequelas irreversíveis. Ele inclui a si mesmo nessa lista: “Para Phil – danos pancreáticos permanentes”.
Esta edição especial da Editora Aleph conta com alguns extras: uma entrevista com o autor, falando sobre drogas, literatura e ficção científica, e um artigo, escrito por Vaughan Bell, que discute tipos de psicose, à luz da neuropsicologia e de situações apresentadas no romance. Repleto de drogas, sexo e repressão, sem medo de tratar os mais diferentes tabus, este clássico convida o leitor a participar de mais uma das insanas viagens de Philip K. Dick, colocando em xeque o que é realidade e o que é ilusão.