West of Dead é nos apresentado com uma temática muito interessante voltada para o velho oeste, com elementos da série “Souls” e um personagem que lembra o “Motoqueiro Fantasma”, este jogo da “Raw Fury“ mostra como essa mistura de elementos pode funcionar muito bem e trazer diversão e dificuldade para aqueles que não desistem fácil!
Ambientado no “Velho Oeste”, você é Willian Mason, um cowboy que foi morto e acorda no purgatório, sem nem ao menos se lembrar de quem é, e muito menos quem foi seu assassino, mas à medida que os estágios são vencidos Mason vai recuperando aos poucos essas memórias perdidas, e cabe ao jogador guia-lo nesta jornada desafiadora, e mandar o maior número possível de malfeitores para o “Oeste”.
Por estar morto Mason tem uma aparência esquelética com um crânio em chamas, por isso a comparação com o Motoqueiro Fantasma, mas esse não é o único detalhe, ele está “morto”, e precisa se vingar de quem o colocou nesta condição, um “espírito de vingança?”. Eu acho que podemos classifica-lo assim pois essa é sua motivação além é claro de recobrar sua memória.
Ao acordar no purgatório Mason se encontra em um bar, com um barman, um típico salon, é para este local que Mason virá todas as vezes que morrer, e pode apostar, você vai se cansar da cara deste barman. Ele sempre vai estar disposto a um bom papo com Mason explicando algumas coisas que acontecem, ele diz que as almas boas e ruins sempre passam por ali, só que as boas vão para o “Leste” e as más para o “Oeste”.
West of Dead é um jogo de tiro em terceira pessoa, com cenários em formato labiríntico, onde o jogador ira avançar por corredores até chegar a salas onde os inimigos o esperam, possui um sistema de mira semi automático onde basta guiar a seta aos pés do personagem com o analógico R3 e disparar com L2 e R2, acertando o alvo caso este esteja em seu campo de visão ou bem próximo. As fases mudam as localizações de todas as salas toda vez que são iniciadas novamente, então sempre haverá um mapa diferente mesmo que você já tenha concluído aquele local.
A trilha sonora é bem simples, sempre com acordes de violão, as vezes acompanhado de outros instrumentos de sopro ou simplesmente assobios, tocando um ritmo mais lento durante os corredores e um pouco mais agitado durante os combates, assim que o combate é decido, um solo de violão indica que todos os inimigos foram derrotados, um som bem satisfatório e que vem na hora certa. Já escutar os disparos das armas e as mesmas sendo recarregadas foi um trabalho muito bem feito, é possível notar o eco que um rifle faz ou o estralo das espingardas, afinal, a única coisa que você irá ouvir (fora a voz de nosso protagonista) são seus tiros e o dos inimigos.
Os poucos “npc’s“ encontrados no jogo não tem voz, apenas nosso protagonista Mason que fala durante todo o jogo, e podemos aplaudir o trabalho feito pois ele é narrado por Ron Pearlman (Hellboy) que caiu como uma luva para Mason. Além de narrar a história, a todo momento Mason solta alguma frase de efeito sempre tentando nos manter alerta ou passando alguma mensagem de otimismo, ele avisa quando estamos perto de uma ameaça ou quando fazemos algum upgrade diz “que ninguém é velho ou morto demais para evoluir“.
Os cenários possuem um visual pixelado e utilizam de poucas cores, cada fase tem uma tonalidade predominante que é uma característica do local, por exemplo as “Criptas” que tem uma tonalidade mais marrom e preta, ou a “Fazenda” que tem o verde como cor principal, mesmo com esse uso de algumas cores, no geral os ambientes são muito escuros, mas possuem pontos de iluminação caracterizados por lamparinas, que ao acesas, cegam todos os inimigos próximos por um breve período, depois de acesas não podem mais ser apagadas ou usadas contra os inimigos. E por serem muito escuros este é um dos fatores por tornar a jogabilidade desafiadora, pois Mason não pode acertar os inimigos no escuro, mas eles podem acertar Mason, e muitas mortes virão por este motivo.
Mas há lugares onde o jogador poderá se proteger dos tiros inimigos usando-os como cobertura por onde Mason pode atirar sem se preocupar em sofrer dano, porém com duração limitada, alguns tiros inimigos podem destruir a cobertura deixando Mason vulnerável.
Está mecânica no início do jogo funciona de maneira natural e bem simples, porém à medida que se vai progredindo novos inimigos com habilidades diferentes vão surgindo obrigando o jogador a tomar outras estratégias além de só atirar e se esconder. Contra um atirador o correto realmente é ficar na cobertura, mas há inimigos que correm em sua direção o obrigando a sair do cover, e para uma melhor abordagem nestas situações o jogo disponibiliza um arsenal gigantesco para as mais variadas estratégias de combate. Espingardas, rifles, pistolas, revolveres, facas, dinamite e muitos outros itens estarão a sua disposição ao serem desbloqueados. Derrotando inimigos durante a campanha o jogador ganha “ferro” e “pecado”, o ferro é usado para comprar armas que você já possui com um mercador localizado em algum lugar do cenário (este local sempre muda a cada nova jogada), porém mesmo tendo uma variedade absurda de itens ao seu dispor, o mercador lhe oferece apenas três opções, e muitas vezes o que ele lhe oferece pode ser uma arma idêntica à que você está empunhando ou até uma arma inferior, vai da sua sorte, pois estas opções só mudarão na próxima fase, já o pecado que Mason ganha ao eliminar os inimigos, eu entendo que seja literal e não um tipo de moeda de troca, pois para liberar as novas armas Mason vai até uma bruxa localizada sempre antes do início de todas as fases, e ela diz se ele quer “descarregar seus pecados”, pecados estes por matar e enviar para o “Oeste” diversas almas. E caso você não queira descarrega-los, não conseguira avançar para a próxima fase, ou seja, você não tem escolha, precisa iniciar cada estágio “limpo” por assim dizer. E é descarregando estes pecados com a bruxa que ela lhe entrega “memórias“ que liberam as novas armas e acessórios para Mason, a lista é extensa, e dependendo da arma a ser adquirida, será necessário um enorme número de pecados, para se ter uma ideia, por fase se adquiri mais ou menos de 12 a 20 pecados, há armas que necessitam de 15, 30, 50 e até 375 pontos de pecado para serem desbloqueados, e como já havia dito, a lista é gigante, saber escolher a arma certa também é um fator importante.
Sabendo-se que temos uma variedade tão grande assim de itens para serem adquiridos, é obvio que você precisará jogar muito, e eu acredito que isto realmente acontecera porque o fator que torna este jogo semelhante a série “Souls” é que a cada morte o jogador terá que iniciar a fase novamente sem nenhum item e sem nenhum ponto de habilidade, isto é ruim?; Bom, eu acho que é muito ruim, mas calma que ainda dá para piorar, quando digo que terá que iniciar a fase novamente não me refiro a fase que você perdeu, a não ser que esta seja a primeira! Isto mesmo, se você estiver, por exemplo, na quarta fase e morrer, perdera todas as armas, habilidades, pontos de HP e voltara para a primeira fase. Um pouco injusto, porém está é a proposta do game. A cada nova fase, novos desafios o esperam, e cabe a cada um ter paciência ou não de avançar com cuidado para evitar ser morto e ter um “reset” precoce.
Mas além da frustração de ser enviado para a primeira fase, também se ganha experiência, você já saberá o que o aguarda, mesmo com o mapa diferente você já saberá que tipo de inimigo o espera e bolar uma estratégia com as armas mais adequadas a situação não será tão difícil, a não ser que o jogo não colabore e lhe entregue itens dispensáveis.
Para não dizer que o jogo é totalmente injusto, as únicas coisas que o jogador não perde ao morrer são as habilidades ganha de chefes, tais habilidades que se resumem a usar os teleportes espalhados pelo cenário, cair de lugares altos sem perder HP e quebrar portas que antes não podiam ser quebradas, estes são alguns exemplos.
Todos os chefes vencidos não voltam a aparecer após o reset, mas a partir de um ponto, você corriqueiramente irá enfrentar os temíveis “Fora-da-Lei”, são cowboys como Mason, porém bandidos, que não trazem nenhum benefício para ninguém e precisam ser mandados para o Oeste.
Como se a dificuldade nas fases mais altas e a perda de todo o progresso ao morrer não fosse o bastante, West of Dead sofre de um problema grave, o excesso de bugs. Perder em uma fase avançada proporciona uma frustração enorme, principalmente depois de muito tempo jogando, mas não é demérito do jogo e sim do jogador, mas e quando isso acontece por causa do jogo?
Vou listar aqui a minha experiência e falar sobre alguns casos que ocorreram durante a minha gameplay.
– Erro no aplicativo: erro mais comum nos jogos, aconteceu algumas vezes após o termino da fase, porém como o jogo faz autosave com frequência bastou reinicia-lo para tudo voltar ao normal.
– Menu das armas e barra de HP desaparece: este acontece com uma certa frequência (um tanto irritante diga-se de passagem), mas também não é dos piores, acontece antes do início da fase após falar com a bruxa, quando vou para o portal para ser enviado para a fase sem estas informações em tela, o jogo trava e o personagem não sai daquele local, basta sair do jogo e voltar que a barra de vida e as informações das armas aparecem novamente e como o jogo é leve essa transição de sair e voltar é bem rápida.
– Porta não quebra: Após derrotar um chefão Mason ganha uma habilidade de quebrar portas que antes não podiam ser quebradas, mas em algumas vezes o jogo esquece que você tem esta habilidade e simplesmente torna a porta inquebrável, estás portas levam a um outro portal diferente da saída da fase, então pode ocorrer que você já tenha passado por ele antes, e não precise entrar novamente ignorando está ação errônea do jogo.
– Botão R2 para de funcionar: Simples assim, num primeiro momento achei que o botão tinha quebrado, então de imediato troquei para outro controle pois precisava das duas armas bem ativas, mas para a minha surpresa, mesmo com o outro controle, ainda assim o botão não funcionava, sai do jogo e coloquei em “Continuar Partida” e quando voltei a controlar Mason percebi que desta vez o comando estava travado, a arma do botão R2 estava apontada porem não era possível atirar nem mesmo com a outra no L2, e após uma segunda saída e entrada tudo voltou ao normal. Você até pode tentar passar a fase somente usando a arma do botão L2, mas quando terminar a fase e for continuar o botão R2 ainda vai estar inutilizado.
– Jogo não consegue salvar: Um erro que também acontece com frequência e incomoda muito, durante toda jogatina, vão acontecendo vários “autosaves”, porem em muitas ocasiões durante uma tentativa de salvar aparece uma mensagem dizendo “tentar salvar de novo?”, colocando sim, o jogo vai tentar outra vez e não vai conseguir e a mensagem vai aparecer de novo, e isso vai se repetir enquanto você não fechar o aplicativo, felizmente o jogo volta do último save point e não é perdido nada do progresso.
– Jogo trava no meio da jogatina: Esse aconteceu uma única vez mas foi pra acabar de vez com a diversão, ao tentar descer uma escada o personagem ficou travado no final dela, porem os inimigos não se importaram e mandaram bala em Mason acabando com o jogo, o bug foi tão violento que o jogo travou, tendo que ser feito um reset (sair e entrar novamente) só para ver a mensagem de “Morto” na tela, felizmente não aconteceu novamente, pelo menos não até o final desta matéria.
– Personagem morre mesmo com HP restante: E para fechar com chave de ouro o quesito “Bug do Ano” vai para esse infeliz aqui. Imagine-se em uma fase avançada da história e isto acontece, como você se sentiria? Uma imagem vale mais que mil palavras! Este erro aconteceu duas infelizes vezes.
West of Dead é um jogo que tem um visual cartunesco, uma jogabilidade que segue os moldes de muitos jogos de tiro com este estilo “labiríntico/tabuleiro”, tem uma trilha sonora condizente com o Velho Oeste e também todos os efeitos sonoros dos tiros e das armas sendo carregadas, é bem bacana saber que foi dada uma atenção para isto, afinal é a temática do jogo e não podia ser diferente, uma dificuldade acima da média, principalmente se tratando de voltar ao início a cada morte, provavelmente não serão muitos que encararão o desafio, mas também há aqueles que amam este tipo de jogo desafiador, mas realmente o excesso de bugs torna boa parte da jogatina mais frustrante do que a própria dificuldade, é uma falta de polimento clara e pode muito bem ser resolvida com atualizações futuras, e com certeza os idealizadores já devem ter visto e estão tomando medidas. Se vale a pena jogar West of Dead? Com certeza, o conjunto da obra é muito bom e garante muitas horas de diversão e raiva, erros sempre vão existir e sempre podem ser corrigidos, é só uma questão de tempo, e quando o jogo flui a experiência é muito boa.
West of Dead está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC
Nota 3/5